ESTORVO PREMIADO

21/06/2014 20:06

Analistas, políticos, economistas e todo arcabouço de gente que usa pomposos títulos de renomada glória social apontam sempre aspectos, em sua grande maioria, de atributos evidentes propagados pelas agencias oficiais que aferem os dados utilizados, consolidando-os em amostras comparativas e formulando uma conclusão baseada nos aspectos abordados.

 Contudo, o que chama atenção é o elevado número; se levarmos em consideração apenas a saúde para melhor concisão, podendo também estender o raciocínio para outros segmentos de serviços públicos; de doutrinários em defesa à elevação nos gastos, como se o grave problema fosse escassez pecuniária e não a escassez moral, intelectual e, muitas vezes a combinação de ambos. Quando são elevados os gastos em uma gestão falida é análoga à ideia de construir um prédio, mas financiar na prática, sua demolição; inclusive, isto sugere ainda em analogia a premiação de um filho pelo seu pai quando este faz uma “arte”; ou ainda, funciona como se tivéssemos uma criança com a barriga de “peixinho de vala”, como muitos dizem, e então comprássemos uma camisa mais larga ao invés de combatermos as lombrigas; é como se pegássemos as fezes da calçada e ao invés de retirá-las as perfumássemos; a sujeira está ali, mas agora tem odor agradável, o cocô permanece, mas agora temos um cocô cheiroso! E assim caminha a administração pública, injetando dinheiro em um sistema gestor falido, onde premia a imprudência e o descaso.

Configura em uma das falácias mais grosseiras a reiteração dos valores agregados com o fito de justificar empenho no trabalho de melhora da saúde pública, a educação ou qualquer retribuição pela alta soma de tributos paga pelo cidadão, uma vez que, quando a cultura é do fazer menos com o máximo o processo caminha em mão contrária ao princípio da eficiência e da utilidade. Em aspecto global podemos partir do específico para o todo analisando as famílias, sem grande esforço observamos que o contribuinte prefere financiar uma geladeira de R$ 1000 reais em dez parcelas de R$ 120 do que esperar 10 meses e comprá-la a vista, no fim das contas o tempo de espera é o mesmo, pois suas necessidades não se esgotaram pela compra da geladeira, a diferença principal além do lastro temporal, se baliza na eficiência, pois o mesmo, caso aguardasse 10 meses praticando a economia sustentável, este teria além da desvalorização normal pelo mercado, devido aos novos modelos, também teria o desconto pela compra à vista, no fim das contas o parcelamento acaba lhe custando, em valores aproximados, o valor de R$1200, mas que ao final do pagamento o mesmo produto na loja vale R$ 800, porém novo! Os mesmo indivíduos financiam um automóvel que seu valor é de R$30000 em 60 vezes, que ao final de cinco anos custa 15000, mas o mesmo pagou 60000. Os exemplos mostram a cultura generalizada da ineficiência e incoerência quanto aos gastos, pessoas parcelam festa de aniversário, mas não criam um fundo de pensão em conjunto, parcelam viagens de férias, mas não realizam planejamento econômico para períodos de recessão. Essa realidade cultural blinda os gestores das finanças públicas de uma análise crítica por parte de cada um cidadão, possibilitando a injeção de recursos monetários em gerencias corruptas e débeis como se a solução fosse mais e mais investimentos naquilo que não funciona.

Muitos dos resultados esperados se balizam na mensuração financeira, quando a real eficácia é realizada por atributos incomensuráveis, que são as pessoas. Não se pode medir o valor de um indivíduo monetariamente, está muito acima de uma espécie em dinheiro a contribuição humana ao desenvolvimento e bem estar de sua espécie. Quando subutilizamos a mão de obra ao conduzimos grandes multidões aos estádios para entretenimento em grupo antes da realização do “dever de casa”, estamos mais uma vez premiando a estupidez e produzindo mais estupidez, e assim novamente anestesiando o senso crítico e a coerência que norteia a obtenção da eficiência (fazer mais com menos), enquanto a logística é empregada na distração é subutilizada na capacidade intelectual em análise de cenários para solução de problemas corriqueiros, isto gera um custo de oportunidade, novamente incomensurável. Quando o governo cita as cifras despendidas à organização de eventos esportivos e o retorno financeiro do empreendimento, não considera a subutilização intelectual, não considera o esforço subjetivo e desconsidera completamente os prejuízos passíveis, pois demonstra desconhecimento ao princípio da prudência, que é explícito na resolução 750/93 do conselho federal de contabilidade.

 O ideal seria um modelo de gestão por resultados, onde o incentivo pecuniário seria dado à eficiência, eficácia e efetividade das políticas públicas e da gestão dos serviços básicos, caso contrário continuará a incentivar o inútil a prosseguir a inutilidade à custa de tempo e trabalho da soma do capital humano agregado, cujo valor não se pode medir em termos monetários, mas em aspectos relacionados à qualidade de vida. 

 

Por Thiago Monteiro