ENXUGANDO GELO

09/05/2014 17:00

O novo cálculo do PIB que especialistas do IBGE vêm
formulando certamente afetará a comparação do cenário econômico atual com os
anteriores, evidenciando números artificialmente manipulados para o cumprimento
de promessas de um crescimento ilusório.

Poucos pensam a respeito, mas o fator mais efetivo para a
elevação dos preços ocasionando a temida inflação foi nada mais nada menos que
a soma do crédito fácil e grande circulação de dinheiro sem que houvesse em
contrapartida um aumento equivalente na produção total do país, desvalorizando
a moeda corrente por novas emissões de dinheiro no mercado.

Também houve a aposta no setor automobilístico, que foi o
grande fracasso da atual política. A renuncia de receita do imposto "extra
fiscal" sobre manufatura (IPI) somada à insustentabilidade das práticas
adotadas no setor elétrico no último ano comprometeram ainda mais qualquer
recurso que neste momento seria fundamental tanto para investimentos quanto
para o cumprimento do superávit primário (juros da dívida pública devido à
emissão de títulos públicos para o financiamento do estado).

A principal preocupação em manipular índices e angariar votos
para reeleição enquanto enforcam as contas públicas em nada contribui para a
crise que se instala no país, tanto na matriz energética quanto no orçamento.

Enquanto centenas de milhares de quilômetros de linhas de
transmissão poderiam ser construídas, levando energia das usinas eólicas do
norte do país, também investimentos em energia solar, das marés e até do subsolo;
o governo adota práticas que, além de comprometerem os resultados das
operadoras de energia obrigando-as ao cumprimento de prerrogativas que as
comprometem e que não refletem em resultados efetivos à população. Como se não
fosse o suficiente, somado a isto, a ênfase fica em torno do pré-sal, que mais a
frente mostrar-se-á o elefante branco do petróleo, devido tanto à letargia como
anda o empreendimento quanto à tendência de desuso de combustíveis fósseis.

No enredo da gestão presidencial eleitoreira encontra-se o
mais ardil das manipulações: a manobra das massas humildes com programas
sociais sem uma estratégia de independência para os pobres, caracterizando uma
dependência eterna que culmina em uma compra de votos indireta custeada pelo
contribuinte. Qualquer tentativa de esculpir uma obra no palácio de gelo será
derretida pelos ânimos daqueles que possuem um pouco mais de discernimento e
que não permitirão a artimanha para angariar votos comprometendo totalmente o
sistema democrático político e econômico constituído no país.


                                                                                                                             Por Thiago Monteiro