CRISE DE INCONSISTÊNCIA

26/11/2013 14:36

Por quê parte da população desconfia das coisas e, órgãos que recebem para desconfiar e investigar não desconfiam, ou fingem? Esta é uma indagação que corresponde ao questionamento de uma fração popular. Se a ação é passível de suspeição, mesmo que por um único indivíduo, esta deve ser questionada, discutida e investigada, porém, muitas vezes há um retrocesso que anuncia ser infundada a suspeita, o que estimula a corrupção e inibe a denúncia sob o argumento que dispenderia de recursos para algo irrelevante. Ricardo Mioto trouxe em seu artigo no caderno de economia da folha de são paulo no domingo 10/11/2013, que o Brasil era medalha de prata em evasão de tributos, a partir das estatísticas do Banco Mundial que serviram para elaboração do ranking pelo grupo internacional Tax Justice Network. As estatísticas de 2011 revelam a situação de recolhimento da união, porém em 2012, o governo pareceu desconhecer ou ignorar (na melhor das hipóteses) este fato através das políticas fiscais e tributárias aplicadas (Redução de IPI e SELIC). Porém, esta ação gerou à época desconfiança de que mesmo tendo conhecimento da insustentabilidade e danos superiores aos benefícios anunciados, o plano fora posto em prática não só com o intuito de manutenção dos empregos, mas também pela valorização de papeis dos bancos no mercado financeiro e favorecimento de grupos de acionistas a partir de informações privilegiadas, o que não passou pela cabeça de quase ninguém de que poderia ocorrer. Tal hipótese é cogitada a partir do raciocínio de que, se existe consciência de que as contas não vão bem, como se mostraram através das manobras de tentativa de alcance do superávit primário e da maquiagem na balança comercial do país, do porquê o governo ter aberto mãos de tributos extrafiscais e facilitado o crédito sob o risco de inflação pelo argumento de crescimento econômico, que inclusive se mostrou pífio? No artigo de Ricardo é citada a demissão, em 2009, da secretária da Receita Lina Vieira após autuações bilionárias contra Ford e Santander, ou seja, da mesma forma que o Auditor Cyonil Borges foi reprimido ao combater a corrupção denunciando o esquema dos irmãos vieira com a ex chefe do gabinete da presidência em São Paulo no fim de 2012. O mundo vive uma inversão de valores e conceitos, há uma distorção da realidade por uma rede de colaboradores do mal que se articulam entre si financiando abjetos de manobra de seus planos. A realidade se encontra em um patamar onde é classificada como pessimista a consciência dos gargalos na infraestrutura e a irresponsabilidade do governo em “por a carroça à frente dos bois”, uma vez que não é possível sustentar qualquer crescimento sem uma consciência poupadora da população e gastos responsáveis, não em bens que não são de capital, como os estimulados das práticas já citadas. O tabloide The Economist errou mais de uma vez ao dizer em meados de 2004 que o Brasil ia bem e agora em dizer que ele não tem jeito. Um país que orça as obras que no fim custam o dobro e que leva o dobro do tempo planejado para ser executado não pode estar bem, assim como jeito sempre existe, ainda mais por se tratar de um país que possui riquezas em abundância, como a invejável agricultura que temos. O problema consiste no jogo de interesses, na máfia existente onde cada um quer “levar o seu”, onde o governo mente descaradamente para sua população, mostrando ser apenas marionete ou coadjuvante de um processo de controle e interesses muito maior do que poderíamos especular. A contabilidade “criativa” põe em dúvida a lisura do governo, existe contradição das propostas e resultados, maquiagem nos índices, como os que afirmam a reeleição da atual presidente e, é posto em xeque até mesmo a confiabilidade do nosso sistema eleitoral. Pouco mais de 18% do nosso PIB é investido em crescimento, enquanto a China investe 45% de seu PIB. Existe algo de muito errado, não nas políticas adotadas em si, pois esta é fração do problema não sua raiz, o erro sempre haverá aos olhos do povo quando a corrupção é generalizada, difícil é identificá-los, defini-los, a raiz do problema encontra-se nos alicerces à corrupção em si, na falta de punição e à crítica arcaica baseadas em modelos jurídicos válidos para o pleistoceno, quando vemos “poderosos” sendo punidos e, que hoje se mostram infundados no combate a orgia feita com o dinheiro público quando é iniciado a guerra contra o açoite à sociedade, falo da ação penal 470. Uns opinam pelo retrocesso, ao defenderem a impunidade sob alegação de evidencias não consistirem em provas, mas este é tema para um outro artigo, fica a mensagem sobre a consciência da ilusão articulada e a falta de força em coibir práticas de favorecimento de poucos e ilusão de esmola ao povo.

 

Por Thiago Monteiro